domingo, 30 de dezembro de 2012

O QUE NUNCA TE DISSE

Precisava mesmo era de ir apanhar ar, pensou.
Recusou o convite da mãe para ir lá jantar.
Não tinha fome, e estava sem pachorra para aturar conversa de xaxa.
Queria estar sozinho.
Ela deixara-o sozinho. E, ele merecera-o.
Pegou nas chaves de casa e meteu-as no bolso traseiro das calças.
Ia dar uma volta.
Precisava mesmo de respirar algum ar, fora daquelas quatro paredes em que se convertera a sua casa. Parecia-lhe agora um edifício feio e deselegante, como se tivesse perdido a magia que possuia outrora.
Tudo era pior sem ela!
Que porcaria!
Voltou para casa ainda mais desanimado.
Precisava de uma ocupação, era o que era.
Pôs de parte a primeira ideia que lhe veio á cabeça.
Não, não queria fazer sexo!
Gostava, aliás, gostava bastante de o fazer com ela, apesar de muitas vezes ter recorrido a amigas de longa data para, só para variar.
Que estúpido que era!
Devia era ter dado valor ao que tinha em casa.
Amaldiçou-se por ser táo anormal. Por ter umas ideias e pensamentos tão básicos.
Era um verdadeiro animal.
Ele merecia era que ela lhe tivesse dado uma tareia antes de se ir embora,e, mesmo assim, era pouco.
Uma tareia era muito pouco para tudo que ele lhe tinha aprontado.
Era mesmo uma desilusão.
Foi até á garagem, podia ser que lhe ocorresse fazer alguma coisa por lá, ou, desfazer.
Até do Mini prateado já sentia saudades. Apesar de sempre se meter com ela e com o minúsculo carro dela.
Nunca lho dissera, mas na verdade, era um carro que combinava com ela.
Olhou curioso para uma caixa castanha fechada em cima da mesa de ferramentas.
Ter-se-ia ela esquecido de alguma coisa?
Não!Não era o estilo dela. Sempre organizada, com as suas listas e agendas de bolso, para não se esquecer de nada. Mais uma coisa que tinha sido motivo de gozo por parte dele.

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