Sentou-se no sofá, onde tantas vezes se sentara, onde qualquer posição que adoptasse o fazia sentir confortável. Algo que, era quase impossivel, agora, pensou.
Pousou o copo, generosamente abastecido com o seu whisky, na mesa de apoio e pegou outra vez no caderno.
Aquelas duas capas cor-de-rosa pareciam queimar-lhe os dedos.
"Não pretendo, com as minhas palavras tiranizar-te, meu querido, mas se reflectires um pouco, é verdade que não ouves.
E, se reflectires um pouco, dar-te-ás conta que como não ouves, acabas por falar demais. Acabas por falar demais até mesmo de coisas que não sabes."
Provavelmente ela tinha razão.
Nunca prestava muita atenção ao que ela dizia, o que acabava por levar a que lhe fizesse muitas vezes as mesmas questões.
Ele sabia que aquilo a irritava, mas nunca se preocupara com isso.
Ela amava-o.
Que mal é que poderia acontecer?
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