quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O QUE NUNCA TE DISSE

Revia mentalmente todas as vezes em que ela, ou alguém quisera que ele a ouvisse, e, ele, sem qualquer problema, não o fizera.
Escondeu a cara com as duas mãos.
Em que espécie de pessoa me tornei?
Levantou-se sem entusiasmo, erguendo nas mãos o caderno cor-de-rosa, que mais parecia ser de chumbo.
Arrastou-se até á sala, pousou o caderno em cima da pilha de jornais e revistas que se encontravam na pequena mesa de apoio, situada bem em frente do sofá castanho de pele gasta.
Queria continuar a ler, queria tanto saber que mais teria ela para lhe dizer.
Passou os olhos pela folha que acabara de ler. Sempre adorara a letra dela.
Era uma letra bonita, cuidada, firme e determinada, muito diferente da dele, que era desorganizada, pouco apelativa, dando a impressão que escrevia sempre á pressa, mesmo quando não o fazia.
Precisava da tal bebida.
Abriu o mini-bar que se acomodava, quase meio escondido no imponente armário de castanho da sala, e decidiu preparar um whisky.
Não era das suas bebidas preferidas, mas era forte. Talvez tão forte como aquele caderno cor-de-rosa aparentemente inofensivo.

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